Na primeira vez que cruzei a linha de chegada em uma corrida de Fórmula 3000, mesmo que tenha sido em uma liga amadora, a adrenalina que fluía através de minhas veias era acompanhada por uma clareza de quão essencial é a resiliência e antifragilidade. A capacidade de se adaptar, aprender e crescer diante das adversidades é uma metáfora do que agora é exigido de todos nós, tanto pessoal quanto profissionalmente, no mundo pós-pandemia.
Os efeitos catastróficos da pandemia COVID-19 têm sido um despertar brutal para a importância da resiliência e anti-fragilidade em todos os aspectos da vida. Agora, mais do que nunca, somos chamados a desenvolver as competências humanas que nos permitirão não apenas sobreviver, mas prosperar em meio à incerteza.
Os dados apresentados pelo New Economics Foundation (NEF) são reveladores. A disparidade de riqueza, que tem sido uma companheira silenciosa, mas destrutiva, de nossas sociedades, foi exacerbada pela pandemia. O relatório aponta que as 1.000 pessoas mais ricas do Reino Unido recuperaram suas perdas em apenas 9 meses, enquanto a economia global pode levar uma década para se recuperar.
Para navegar por essas águas turbulentas, a inovação humana é nossa bússola mais confiável. Ao contrário das habilidades técnicas, as competências humanas – criatividade, empatia, colaboração – são a força vital que pode impulsionar uma transformação econômica sustentável. Programas de formação que focam em desenvolver estas competências estão ganhando terreno, não apenas como uma tendência educacional, mas como um investimento sólido com retorno palpável.
Como mencionei no artigo A Revolução das Competências Humanas – Parte 2: O Despertar Global para a Ciência do Bem-Estar, a aposta em competências humanas é uma estratégia vencedora tanto para indivíduos quanto para organizações. Ao investir em desenvolvimento de competências humanas, as organizações não apenas fortalecem sua resiliência e antifragilidade, mas também criam um ambiente onde a inovação floresce. O retorno sobre o investimento é impressionante. Dados indicam que o ROI em programas de formação em competências humanas pode ser superior a 50 vezes o valor investido, com retornos em menos de 12 meses. Além disso, a remuneração dos colaboradores que participam de programas de upskilling, com foco em competências socioemocionais, vê um aumento médio de 8,6%, uma evidência clara do valor que o mercado coloca na inteligência humana.
A NEF propõe uma economia mais resiliente e antifrágil, uma que seja capaz de absorver choques e também de se adaptar e crescer diante deles. Um dos pilares dessa economia resiliente e antifrágil é a valorização do capital humano e o investimento contínuo em desenvolvimento de competências.
A resiliência e antifragilidade econômica vão além da estabilidade financeira e englobam a capacidade das pessoas e organizações de se adaptarem, inovarem e crescerem diante das adversidades. O bem-estar e a satisfação no trabalho desempenham um papel crucial nessa equação, onde colaboradores satisfeitos e bem treinados são a espinha dorsal de organizações resilientes e antifrágil.
A pandemia nos ensinou que a resiliência e antifragilidade não são mais opções, mas necessidades. O caminho a seguir é claro: investir em competências humanas é investir em um futuro mais resiliente e antifrágil. Seja nas pistas de corrida ou nos corredores corporativos, a capacidade de se adaptar e crescer diante das adversidades é agora o motor do sucesso sustentável.